quinta-feira, 2 de junho de 2011

Dia da Liberdade de Imprensa?

Voltaire já dizia: “Posso não concordar com uma só palavra do que diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-la”. É com esse enunciado que podemos afirmar que a liberdade de imprensa no Brasil e no mundo foi uma conquista (será?). Desde a prensa móvel, idealizada lá atrás por Guttenberg, a imprensa adquiriu proporções tão gigantescas que nem mesmo o alemão deveria ter imaginado.

A palavra é poder. Os governantes estão cientes disso. O clero está ciente disso. Durante séculos, a Corte Portuguesa esteve ciente disso. Hipólito José da Costa estava ciente disso, quando em 1808, passou a publicar os primeiros números do Correio Braziliense. E ele não estava apenas ciente. Exilado na Inglaterra, ele entendia na prática que a escrita era um dos maiores agentes catalisadores de mudanças no mundo.

Através de seu periódico, considerado o primeiro jornal brasileiro, o qual era ironicamente redigido no Reino Unido (já que até então era proibido toda e qualquer instalação de imprensa no Brasil), Hipólito defendia, entre muitos nobres ideais, a liberdade de imprensa.

Séculos passaram e cá estamos nesse mundo pós-moderno, bombardeados por conceitos democráticos, num mundo onde a busca pela coerência e argumentação fala mais alto que o simples ‘porque não’. No entanto, poderíamos afirmar que a liberdade de imprensa realmente existe?

Nas últimas décadas, revoluções sócio-culturais eclodiram. A mentalidade do ser humano quebrou tabus e preconceitos, criou novos ideais, se desenvolveu tecnologicamente e artisticamente. Mas com tantas mudanças acontecendo, é claro que o panorama econômico e político também se alteraria.

Aqui no Brasil, durante décadas, vivenciamos a ditadura. Durante o regime militar, a censura à imprensa era descarada e feita sem qualquer cautela. Jornais, músicos e artistas de todo porte se superavam em genialidade na busca pela liberdade de expressão. Com a abertura política promovida por Geisel, e posteriormente, a queda da ditadura, a grande ilusão que brotaria no peito do brasileiro é de que ela finalmente seria alcançada.

No entanto, com o passar dos anos observamos condutas que não condizem com aquilo que idealizamos. Não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro, em estados que defendem com afinco conceitos democráticos, enxergamos contradições gigantescas. Gritante foi o caso da WikiLeaks, onde o jornalista Julian Assange se viu obrigado a buscar o exílio em Londres, sendo ameaçado pelo governo norte-americano e falsamente acusado pelo governo da Suécia, seu antigo país, por crimes que nunca havia cometido, como abuso sexual e estupro, numa tentativa clara de o calar.

Nesses casos, a censura é ainda mais assustadora do que em países declaradamente radicais, como a Coréia do Norte ou o Brasil do regime militar. Em lugares onde se mascara os interesses do governo atrás de termos como liberdade de expressão é onde mora o perigo.

Por isso, seríamos hipócritas se comemorássemos o dia da liberdade de imprensa que acontecerá nesse dia 7 de junho. Poderíamos afirmar que a liberdade da imprensa foi uma conquista, se realmente acreditássemos que ela havia sido adquirida por completo. No entanto, cabe a nós, jornalistas, sermos os catalisadores dessas mudanças, pois somos quem tem a palavra, e estamos cientes do poder dela.

Por Fábio Visnadi

3 comentários:

Anônimo disse...

Fábio, antes de mais nada, gostaria de parabeniza-lo pelo belo artigo! Muito bem colocadas as palavras e, sobretudo, os pensamentos que criou a cerca de um Brasil irreal, enganado e fingido! Completo seu raciocínio com um outro pensamento: E os meios de comunicação que apoiam os governantes ou que estão "na mão" de autoridades públicas. Temos o exemplo também da Itália, onde políticos detém de praticamente 80% dos veículos de comunicação do País. Silvio Berlusconi faz parte da política e comanda os mais expressivos meios de comunicação...acham que lá tem liberdade de expressão? E aqui seguimos a mesma linha, porém, mais crítica, pois sabemos disfarçar muito mais e manter as aparências. Tivemos um caso de empresa de comunicação que perdeu muito dinheiro e foi apoiada pelo governo.... ahaaaa... Nem preciso dizer como os favores foram pagos, não é mesmo??!!

DF Press disse...

Fábio, antes de mais nada, gostaria de parabeniza-lo pelo belo artigo! Muito bem colocadas as palavras e, sobretudo, os pensamentos que criou a cerca de um Brasil irreal, enganado e fingido! Completo seu raciocínio com um outro pensamento: E os meios de comunicação que apoiam os governantes ou que estão "na mão" de autoridades públicas. Temos o exemplo também da Itália, onde políticos detém de praticamente 80% dos veículos de comunicação do País. Silvio Berlusconi faz parte da política e comanda os mais expressivos meios de comunicação...acham que lá tem liberdade de expressão? E aqui seguimos a mesma linha, porém, mais crítica, pois sabemos disfarçar muito mais e manter as aparências. Tivemos um caso de empresa de comunicação que perdeu muito dinheiro e foi apoiada pelo governo.... ahaaaa... Nem preciso dizer como os favores foram pagos, não é mesmo??!!
Comentário de JULIANA DESTRO - DFPRESS

DF Press disse...

É duro não poder dar "nome aos bois"... mas quem quiser continuar este debate por e-mail, abro os nomes. Essa é a liberdade de expressão no Brasil...

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A DFpress é uma empresa de comunicação corporativa, com foco em assessoria de imprensa. Ela é dirigida pela jornalista Juliana Destro Facuri, formada pelas Faculdades Integradas de São Paulo – FISP – FMU. No mercado há 16 anos, dirige todos os trabalhos e coordena minuciosamente os projetos e estratégias aplicadas. Trabalhou em agências com níveis de excelência reconhecidos pelo mercado, gerenciando a comunicação de grandes empresas nacionais e multinacionais. Foi responsável pela criação de departamentos de comunicação em diversas organizações. Atuou como repórter de jornais e free lancer de revistas (O Estado de S. Paulo / Jornal da Tarde / Guia de Fornecedores da Construção, Revista Consulte Arte & Decoração / Revista Mão na Massa e Revista Construlista). Antes de fundar a Dfpress, na cidade de Jundiaí, atuava como assessora de imprensa em São Paulo, atendendo destacadas empresas, como Walt Disney Company, All Star, Josapar, Laticínios Milenium e outras.

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